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sábado, 29 de outubro de 2011

A negação do Brasil – análise televisiva -Por Leonardo Campos*

A negação do Brasil – análise televisiva

Assistir novelas globais de forma distanciada tornou-se um dos maiores trunfos em minha carreira acadêmica ainda em fase de germinação. Todo aquele conteúdo repleto de um discurso preconceituoso e ácido contido na historiografia das novelas globais agora pode ser visto de forma crítica, tornando-me uma pessoa distante do processo de hipnose da sedutora cultura da mídia.

Esse é o seu papel, caro vestibulando. Observar em maior profundidade as propagandas e programas televisivos é uma tarefa de análise critica muito rica e que deve ser ao menos experimentada.

O assunto deste artigo é o documentário A negação do Brasil, de Joel Zito de Araújo, cineasta e pesquisador mineiro, da cidade de Nanuque. O documentário é uma viagem na história da telenovela no Brasil e particularmente uma análise do papel nelas atribuído aos atores negros, que sempre representam personagens mais estereotipados e negativos. Baseado em suas memórias e em fortes evidências de pesquisas, o diretor aponta as influências das telenovelas nos processos de identidade étnica dos afro-brasileiros e faz um manifesto pela incorporação positiva do negro nas imagens televisivas do país.



Estejam atentos para os depoimentos de Milton Gonçalves e Zezé Mota, os mais marcantes do documentário.


Cineasta Joel Zito de AraujoJoel Zito de Araújo é doutor em Ciências da comunicação pela Escola de Comunicações e Arte da Universidade de São Paulo – ECA/USP e pós-doutorado no departamento de rádio, TV e cinema e no departamento de antropologia da University of Texas, em Austin, nos Estados Unidos. Nascido em 1954, dirigiu documentários de curta e média-metragem tematizando o negro na sociedade brasileira, dentre os quais destacam-se São Paulo abraça Mandela (1991), Retrato em preto e branco (1993), Ondas brancas nas pupilas pretas (1995) e A exceção e a regra (1997). Em 1999, finalizou seu primeiro longa, o documentário O efêmero estado, União de Jeová, sobre Udelino de Matos, um homem que, nos anos 1950, tentou formar um estado camponês com a população de maioria negra no norte do Espírito Santo. Dois anos depois, lançou A negação do Brasil, sobre a trajetória do personagem negro nas novelas brasileiras, com impressionante trabalho de pesquisa que deu origem a um livro homônimo. Foi escolhido melhor filme brasileiro do É Tudo Verdade daquele ano, tendo sido também selecionado para vários festivais pelo mundo, entre eles o Festival de Cinema Latino de Madri e o Festival de Documentários do Porto. Em 2004, finalizou seu primeiro longa-metragem de ficção, Filhas do vento, que ganhou oito prêmio no Festival de Gramado, entre eles: melhor filme segundo a crítica, melhor diretor, ator e atriz. Na Mostra de Cinema de Tiradentes, foi escolhido como melhor filme pelo público e participou ainda de festivais na Índia, na França, na África do Sul e em Camarões. Em 2009, lançou o documentário Cinderelas, lobos e um príncipe encantado.

Retratos da negação do Brasil


Cena da novela " Direito de nascer" O documentário inicia depondo sobre a novela Direito de nascer, exibida em 1964. Na sociedade moralista de Havana, capital de Cuba, no início do século XX, a jovem Maria Helena engravida do noivo Alfredo e, diante da recusa do rapaz em assumir o filho, torna-se mãe solteira. A criança será alvo do ódio do avô, o poderoso Dom Rafael. Após o nascimento, temendo as represálias do velho, a criada negra Dolores foge com o bebê, que batiza como Alberto. Depois disso, desgostosa, Maria Helena se recolhe a um convento, e passa a atender por Sóror Helena da Caridade.

Na trama, temos a presença da atriz negra interpretando o velho estereótipo da mãe negra, oriunda da literatura. Basta lembrar de alguns personagens do romance regionalista e José Lins do Rego.

Durante os depoimentos sobre a novela Direito de nascer, o diretor aproveita para comentar um pouco da história da televisao brasileira. Entrar neste mérito requer uma análise mais profunda aqui. Iremos nos ater apenas em um breve resumo disso tudo.

A televisão no Brasil começou em 18 de setembro de 1950, trazida por Assis Chateaubriand que fundou o primeiro canal de televisão no país, a TV Tupi. Desde então a televisão cresceu no país e hoje representa um fator importante na cultura popular moderna da sociedade brasileira.


Cena de "Beto Rockfeller" Segundo depoimentos de Joel Zito, havia a necessidade de branqueamento dos atores negros e escurecimento dos atores brancos, algo que pode ser visto no excelente A hora do show, de Spike Lee. No filme, Pierre Delacroix (Damon Wayans), um escritor de séries de TV que não aguenta mais a tirania de seu chefe. Sendo o único empregado negro da companhia, Delacroix resolve propôr a idéia mais absurda que conseguira imaginar, um programa de TV estrelado por dois mendigos negros que denunciariam o estereótipo e o preconceito do negro na televisão americana, exatamente no intuito de ser demitido. Mas a surpresa que o programa em questão não apenas se torna realidade como passa a ser um grande sucesso entre o público americano.

Outra novela analisada com bastante afinco foi Beto Rockfeller, que trazia o dramaturgo Plínio Marcos em um dos papéis de destaque. Na novela, temos Beto Rockfeller, um charmoso representante da classe média-baixa que morava com os pais e a irmã no bairro de Pinheiros, em São Paulo, trabalhava como vendedor de sapatos e tinha uma namorada, Cida, no subúrbio. Fazendo-se passar por milionário, consegue penetrar na alta sociedade, namora uma moça rica (Lu) e se apaixona por outra moça (Renata), grã-fina decadente, que conhece sua real situação. Para se safar das confusões, conta com a ajuda dos amigos fiéis, Vitório e Saldanha.


Personagem clássica do estereótipo da mãe negra em "E o vento levou..." Joel Zito deixa claro a avassaladora relação que a televisão vai estabelecer com a sociedade e consequentemente, a desvalorização do cinema, uma arte até então cultuada com muito afinco. O estereótipo e o preconceito que já tinham muita força nos suportes literários e cinematográfico agora ganhava um novo e eficiente aliado: o discurso televisivo.

Outra novela que trouxe muita controvertimento na mídia foi Xica da Silva. A novela foi produzida pela extinta Rede Manchete e escrita por Walcyr Carrasco (sob o pseudônimo Adamo Angel) e dirigida por Walter Avancini. Uma reprise da telenovela foi exibida no canal SBT, a partir do dia 28 de março de 2005 à 9 de dezembro de 2005.

A novela causou muita polêmica na época por exibir Taís Araujo seminua com apenas 17 anos. A vara da Criança e do Adolescente do Rio de Janeiro notificou publicamente a Manchete além de protestos de setores da sociedade pedindo para retirada da novela do ar.

A mensagem critica de Joel Zito de Araujo é clara e incisiva: mesmo que tentem mostrar um paraíso racial, as novelas tendem a cair na contradição. Novelas como Pecado Capital, Gaivotas, Pátria Minha, Anjo Mau, Por Amor, Irmãos Coragem e tantas outras citadas pelo diretor são provas vivas deste discurso do preconceito no Brasil e no mundo.

Por enquanto é só. Aguarde uma análise completa do filme Faça a coisa certa, de Spike Lee. O assunto mantém fortes laços com este documentário de Joel Zito de Araújo e ainda é um dos filmes da lista do vestibular da Universidade Federal da Bahia.

* Graduando em Letras Vernáculas com Habilitação em Língua Estrangeira Moderna - Inglês - UFBA | Membro do grupo de pesquisas “Da invenção à reivenção do Nordeste” – Letras – UFBA | Pesquisador na área de cinema, literatura e cultura - Colaborador do PASSEIWEB.com

A História da Escravidão no Brasil - Fonte Sua pesquisa -(WEB)

História da Escravidão: Introdução

Ao falarmos em escravidão, é difícil não pensar nos portugueses, espanhóis e ingleses que superlotavam os porões de seus navios de negros africanos, colocando-os a venda de forma desumana e cruel por toda a região da América.

Sobre este tema, é difícil não nos lembrarmos dos capitães-de-mato que perseguiam os negros que haviam fugido no Brasil, dos Palmares, da Guerra de Secessão dos Estados Unidos, da dedicação e idéias defendidas pelos abolicionistas, e de muitos outros fatos ligados a este assunto.

Apesar de todas estas citações, a escravidão é bem mais antiga do que o tráfico do povo africano. Ela vem desde os primórdios de nossa história, quando os povos vencidos em batalhas eram escravizados por seus conquistadores. Podemos citar como exemplo os hebreus, que foram vendidos como escravos desde os começos da História.

Muitas civilizações usaram e dependeram do trabalho escravo para a execução de tarefas mais pesadas e rudimentares. Grécia e Roma foi uma delas, estas detinham um grande número de escravos; contudo, muitos de seus escravos eram bem tratados e tiveram a chance de comprar sua liberdade.

Escravidão no Brasil

No Brasil, a escravidão teve início com a produção de açúcar na primeira metade do século XVI. Os portugueses traziam os negros africanos de suas colônias na África para utilizar como mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. Os comerciantes de escravos portugueses vendiam os africanos como se fossem mercadorias aqui no Brasil. Os mais saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos ou velhos.

O transporte era feito da África para o Brasil nos porões do navios negreiros. Amontoados, em condições desumanas, muitos morriam antes de chegar ao Brasil, sendo que os corpos eram lançados ao mar.

Nas fazendas de açúcar ou nas minas de ouro (a partir do século XVIII), os escravos eram tratados da pior forma possível. Trabalhavam muito (de sol a sol), recebendo apenas trapos de roupa e uma alimentação de péssima qualidade. Passavam as noites nas senzalas (galpões escuros, úmidos e com pouca higiene) acorrentados para evitar fugas. Eram constantemente castigados fisicamente, sendo que o açoite era a punição mais comum no Brasil Colônia.

Eram proibidos de praticar sua religião de origem africana ou de realizar suas festas e rituais africanos. Tinham que seguir a religião católica, imposta pelos senhores de engenho, adotar a língua portuguesa na comunicação. Mesmo com todas as imposições e restrições, não deixaram a cultura africana se apagar. Escondidos, realizavam seus rituais, praticavam suas festas, mantiveram suas representações artísticas e até desenvolveram uma forma de luta: a capoeira.

As mulheres negras também sofreram muito com a escravidão, embora os senhores de engenho utilizassem esta mão-de-obra, principalmente, para trabalhos domésticos. Cozinheiras, arrumadeiras e até mesmo amas de leite foram comuns naqueles tempos da colônia.

No Século do Ouro (XVIII) alguns escravos conseguiam comprar sua liberdade após adquirirem a carta de alforria. Juntando alguns "trocados" durante toda a vida, conseguiam tornar-se livres. Porém, as poucas oportunidades e o preconceito da sociedades acabavam fechando as portas para estas pessoas.

O negro também reagiu à escravidão, buscando uma vida digna. Foram comuns as revoltas nas fazendas em que grupos de escravos fugiam, formando nas florestas os famosos quilombos. Estes, eram comunidades bem organizadas, onde os integrantes viviam em liberdade, através de uma organização comunitária aos moldes do que existia na África. Nos quilombos, podiam praticar sua cultura, falar sua língua e exercer seus rituais religiosos. O mais famoso foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi.

Campanha Abolicionista e a Abolição da Escravatura

A partir da metade do século XIX a escravidão no Brasil passou a ser contestada pela Inglaterra. Interessada em ampliar seu mercado consumidor no Brasil e no mundo, o Parlamento Inglês aprovou a Lei Bill Aberdeen (1845), que proibia o tráfico de escravos, dando o poder aos ingleses de abordarem e aprisionarem navios de países que faziam esta prática.

Em 1850, o Brasil cedeu às pressões inglesas e aprovou a Lei Eusébio de Queiróz que acabou com o tráfico negreiro. Em 28 de setembro de 1871 era aprovada a Lei do Ventre Livre que dava liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir daquela data. E no ano de 1885 era promulgada a Lei dos Sexagenários que garantia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade.

Somente no final do século XIX é que a escravidão foi mundialmente proibida. Aqui no Brasil, sua abolição se deu em 13 de maio de 1888 com a promulgação da Lei Áurea, feita pela Princesa Isabel.

A vida dos negros após a abolição da escravidão

Se a lei deu a liberdade jurídica aos escravos, a realidade foi cruel com muitos deles. Sem moradia, condições econômicas e assistência do Estado, muitos negros passaram por dificuldades após a liberdade. Muitos não conseguiam empregos e sofriam preconceito e discriminação racial. A grande maioria passou a viver em habitações de péssimas condições e a sobreviver de trabalhos informais e temporários.