Em muitas tribos africanas, o mito da fertilidade sobrevive com a mesma força. Entre os cuanhama, da Costa do Marfim, ou os lobi de Angola, quando as mulheres engravidam, passam a andar com bonecas penduradas na cintura. Se querem um filho homem, o objeto terá características masculinas. Se desejam uma filha, a boneca será enfeitada com brincos e colares coloridos. Quando a mãe ou avó presenteia a menina com uma boneca, faz-se uma festa. E como se a família Ihe confiasse a imagem de sua futura descendência, protegendo-a contra a esterilidade. Entre os índios carajás, de Goiás, somente mulheres e meninas podem manipular as pequenas bonecas de barro chamadas litjocós, conhecidas pelos bandeirantes e até hoje produzidas por essa tribo que já somou 9 000 pessoas e hoje está reduzida a pouco mais de 400 índios. Muitas delas dão forma aos seres mágicos da mitologia carajá.Com uma enorme carga simbólica pagã, é compreensível que a Igreja Católica tenha perseguido tanto as bonecas. Mas por maior que tenha sido a repressão, o fascínio ressurgiu em todas as oportunidades que teve.
Fragmento da revista superinteressante edição 59.
Adorei a oficina de bonecas negras na Biblioteca de Campo Mourão, volte mais vezes.
ResponderExcluir